Existem diversas tradições natalinas na França, mesmo que você desconheça a principio. A verdade é que quando pensamos em tradições natalinas e comemorações logo pensamos nos Estados Unidos ou Inglaterra, contudo, diferente do que você pode pensar, a França também é um país com boas tradições natalinas.
A França e suas inúmeras regiões têm características, costumes e gastronomia próprios e particulares — assim como no Brasil.
Isso acaba por refletir também nas tradições de Natal de cada uma delas. Logo, se você quiser passar um bom Natal na França, é necessário conhecer algumas tradições de cada local.
Alsácia
A Alsácia é a região francesa que mais representa o Natal, afinal de contas, a tradição dos mercados de Natal nasceu lá. As celebrações começam 4 domingos antes do Natal (o Advento) e vão até o dia 6 de janeiro (Dia de Reis). Em cada um desses 4 domingos é acesa uma vela da coroa do Advento, feita de galhos, ramos e pinhas.
No dia 6 de dezembro, Saint Nicolas (santo que serviu de inspiração para o Papai Noel) distribui mexericas, pão de especiarias e doces às crianças.
Algumas especialidades gastronômicas dessa época: berewecke (pão com frutas, sem fermento), bredala (bolinho), springerle (biscoito), chrischtstolle (bolo de amêndoas e passas), manala (brioche em forma de bonequinho).
Borgonha
Na Borgonha, o ancestral do Papai Noel é o Père Janvier. Segundo a tradição, até a década de 1930 era ele quem passava para distribuir os presentes às crianças, na companhia do Père Fouettard. Outro costume era colocar um pedaço de lenha acesa na porta de casa na véspera de Natal para que a Virgem viesse se aquecer.
O cardápio de Natal também é diferente, sem salmão defumado ou foie gras, mas com especialidades regionais, como os escargots, fricassée de miúdos e ovos meurette (ovos pochés com molho à base de vinho tinto, toucinho, cebola e cogumelos).
Bretanha
Na Bretanha o Natal mistura tradições cristãs e pagãs. Diz a lenda que durante as dozes batidas da meia-noite do dia 24/12, os sinos de antigas cidades submersas ressoam em toda a Bretanha e os menires (monumentos pré-históricos de pedra, cravados verticalmente no solo) saem do chão para se banharem em água benta. A árvore de Natal celebra o renascimento do sol.
Antes da missa da meia-noite, as famílias compartilham o tradicional crepe bretão e colocam um pedaço de tronco – decorado com guirlandas de hera e salpicado com água benta e sal – na lareira. Geralmente isso é feito pelo membro mais velho e pelo membro mais novo da família.
Após sua combustão, as cinzas são recolhidas e guardadas. Acredita-se que elas tenham virtudes medicinais, além de proteger a casa contra raios e cobras. O tronco – chamado bûche de Noël em francês – tem vários nomes em bretão: kef an nedelec, skod an nedeleg, an etev nedeleg ou tos an nedeleg. Ele vem de um carvalho, castanheira ou macieira.
A tradição da bûche de Nöel existe sob várias formas em toda a França e foi se transformando durante os séculos. Ela deu origem a tradicional sobremesa de Natal de mesmo nome.
Provence
Na Provence, o Natal é baseado em tradições ancestrais. O destaque fica por conta de pequenas figuras em argila, geralmente muito coloridas, chamadas Santons. Eles representam todos os personagens do presépio e da vida cotidiana de um vilarejo francês.
As comemorações começam no dia 4 de dezembro (dia de Santa Bárbara – Sainte Barbe – que, por ter se recusado a casar a fim de não renunciar a fé cristã, foi aprisionada em uma torre e decapitada a mando de seu pai) e vão até o dia 2 de fevereiro (dia da festa de Chandeleur – dia de Nossa Senhora das Candeias no Brasil), no qual se come crepes.
Na noite da véspera do Natal, são colocadas três toalhas brancas na mesa e são servidos sete pratos frugais – simbolizando as sete dores de Maria – acompanhados por treze pãezinhos.
Embora os sete pratos variem de casa para casa, eles são na maioria das vezes acelga, aipo, couve-flor, espinafre, bacalhau, omelete, escargots, sopa de alho… Nada de carne vermelha! Somente peixes, crustáceos, gratinados, legumes, sopas. Depois vêm as famosas 13 sobremesas, que permanecerão na mesa de Natal até o dia 27 de dezembro!
As 13 sobremesas
As 13 sobremesas são uma referência ao número de convidados na Última Ceia. São elas:
O pompe à huile, um brioche que deve ser partido com as mãos e não cortado, lembrando o pão dividido por Cristo na sua última refeição.
Os 4 mendiants (espécie de hóstia de chocolate com frutas em cima) que representam as ordens religiosas dos mendicantes: nozes e avelãs, que representam a ordem dos Agostinianos; passas, que representam a ordem dos Dominicanos; as amêndoas, que representam a ordem dos Carmelistas e os figos, que representam a ordem dos Franciscanos.
As tâmaras, que representam o Cristo e os Reis Magos vindos do oriente médio.
O torrone preto que simboliza o mal.
O torrone branco que simboliza o bem.
As 8 sobremesas citadas acima são consideradas os “pilares” – aquelas que não podem faltar na noite de Natal. Em seguida cada família adapta as seguintes opções de acordo com seu gosto e tradições locais:
Frutas frescas da estação: mexerica, laranja, maça, peras, uvas, melão verde etc.
Navettes de Marseilles.
Marmelada.
Marzipã.
Calissons d’Aix (en Provence), doce feito de melão e amêndoas.
Frutas cristalizadas.
Queijo de cabra servido em um pote com óleo aromatizado.
Ameixas secas.
Dezembro já está chegando e junto com ele o Natal e Ano Novo. Apesar da situação incomum que vivemos por conta da pandemia, lembrem-se de mandar mensagens carinhosas para os seus entes queridos! Podemos não nos reunir, mas o amor com certeza permanecera mesmo que através de palavras!
Adoro o Natal, suas cores e sabores. E você o que mais gosta nesta época do ano? Quais tradições natalinas na França você mais gostou? Escreva em francês aqui nos comentários!
Pensa em passar o próximo Natal na França? Saiba a primeira coisa que você tem que ter em mente para este sonho se realizar: aprender francês. E agora eu te pergunto: aprender francês online vale a pena?
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À la prochaine,
Elisa.