Littérature Francophone: O amor em Amélie Nothomb

Confesso que não é recente o meu conhecimento sobre a escritora belga, Amélie Nothomb. Afinal, ela é uma das grandes escritoras do nosso tempo! Seus livros são, além de extremamente intrigantes, muito bem escritos. A forma como Amélie usa as palavras para expressar determinados acontecimentos é tão fluida que você consegue se perder em suas histórias e lê-las num único suspiro.

 

Eu já havia me deparado com outros livros, como Métaphysique des Tubes ou Stupeur et Tremblements, obras incríveis. Contudo, foi com Ni d’Eve et Ni d’Adam que meu interesse por ela aumentou. Sendo uma — de várias — história autobiográfica, todos os diálogos e descrições tornam-se ainda mais cativante conforme lemos os capítulos. 

 

A escritora belga que nasceu no Japão sempre foi bastante direta em suas atitudes e sincera sobre suas opiniões. Já nas primeiras páginas do livro percebemos uma questão que irá rodeá-lo do início ao fim:

 

Quem, de fato, é Amélie? 



A pergunta se torna ainda mais gigante e viva no instante em que Amélie envolve-se amorosamente com outra pessoa num país que, apesar de ser seu local de nascimento, não foi onde cresceu. A jovem se muda para o Japão para tornar-se “uma verdadeira japonesa”, mas afinal, o que seria isso? E todo o lar e a cultura belga com a qual cresceu, o que aconteceria com isso? Dessa forma, é compreensível que imaginar uma Amélie apaixonada por seu estudante de francês ao mesmo tempo em que tentava se descobrir como pessoa, é algo, à primeira vista, completamente estranho. Mas como falamos de Amélie Nothomb, é claro que ela iria nos surpreender! 

 

E a maneira que ela mais me surpreendeu foi ao abordar um tema tão trivial de maneira insólita: l’amour.

E o que seria o amor na visão de Amélie?



No livro, ao dar-se conta de que sentia algo por seu estudante, Amélie embarca numa autoavaliação sobre seus próprios sentimos:

 

“Je l’aimais beaucoup. On ne peut pas dire cela à son amoureux. Dommage. De ma part, l’aimer beaucoup, c’était beaucoup. (…) De moi, Rinri attendait seulement que je l’écoute. Comme il avait raison ! Écouter quelqu’un, c’est énorme. Et je l’écoutais avec ferveur.”

 

Amélie, em sua absoluta genialidade, compara a palavra japonesa “Koi” (em japonês “恋”, que tanto pode significar carpa quanto amor de forma romântica, entre outras traduções) com a palavra francesa “Goût”, transformando o que seria o sentimento indescritível do amor em um simples gosto:

 

“Ce que j’éprouvais pour ce garçon manquait de nom en français moderne, mais pas en japonais, où le terme de koi convenait. Koi, en français classique, peut se traduire par goût. J’avais du goût pour lui. Il était mon koibito, celui avec lequel je partageais le koi : sa compagnie était à mon goût.”

 

O capítulo do qual retirei esse trechos é incrivelmente maravilhoso e delicioso de ler. Como se não bastasse referir-se ao amor que sentia por seu aluno como um “goût”, Amélie faz uso de referências filosóficas para mostrar o que para ela, naquele momento, poderia ser o “ato de se apaixonar” por alguém, além de nos mostrar qual rumo irá levar sua relação com o estudante:

 

On tombe amoureux de ceux que l’on ne supporte pas, de ceux qui représentent un danger insoutenable. Schopenhauer voit dans l’amour une ruse de l’instinct de procréation : je ne puis dire l’horreur que m’inspire cette théorie.”

 

Ni d’Eve Ni d’Adam et Tokyo Fiancée

 

O livro, lançado em 2007, possui uma — excelente! — adaptação para filme chamado “Tokyo Fiancée” que eu deixo de recomendação para vocês. Para todos que estão no nível iniciante da língua francesa e se apaixonaram por essa história, sinto informar que o livro ainda não possui uma tradução para o português. Contudo, os que estão no nível intermediário certamente conseguirão ter um bom proveito do livro e poderão se deliciar com essa história envolvente. 

 

Agora, me digam: você já conhecia esse livro ou essa autora? Quais são os livros francófonos que você mais gosta? Deixe as respostas aqui nos comentários e não deixe de me seguir no Youtube e Instagram para ficar por dentro de todo o conteúdo incrível que eu preparo para você!

 

Bisous et à la prochaine!

 

Elisa.

Vocabulaire:

Dommage — Préjudice porté à quelqu’un (corporellement ou moralement), à ses biens par le fait d’un tiers;

 

Éprouver — Soumettre quelque chose à certaines expériences pour vérifier sa valeur, sa résistance ; mettre à l’épreuve;

 

Goût  Attirance pour un aliment, une boisson, quelque chose ou quelqu’un;

 

Koibitoune personne très adorer ou aimée par quelqu’un d’autre;

 

Tomber amoureux — Tomber amoureux signifie aimer quelqu’un de façon soudaine. Cette locution désigne le fait pour une personne de se prendre d’affection et de désir pour quelqu’un.

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